sábado, 31 de outubro de 2015

Plenitude



Olás...
Praia em Pindobal - Santarém - Pará/Brasil
(Foto: Rodrigo Siqueira)

Se meus caminhos estiverem cercados com espinhos,
Ou estejam entre muros levantados,
Sem que eu veja, pelas frestas,
Raios de sol iluminando as veredas.
Se tentarem cessar o meu gozo,
Destruírem as fases da Lua,
E o silêncio se tornar barulhento
Nas esquinas das ruas,
Ainda assim, não desistirei de nós.
Se eu desfalecer e meus ossos tremerem,
E exausta ficar de tanto gemer.
Se, para resistir,
Inundar de choro, à noite, a minha cama
E as lágrimas encharcarem meu leito,
Ainda assim, não desistirei de nós.
Serei forte. Clamarei ao Vento.
Para não arrefecer meu intento,
Pedirei que os céus se abram
E a Deus clamarei por um alento.
Cantarei para nós nossos versos,
Ao coro dos rouxinóis.
E, enfim, tudo será pleno,
Simplesmente...
Porque resisti.




Mamãe Coruja

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Como areia do mar

Praia do Alter-do-Chão/ Santarém/Pará - Brasil
(Foto: José Siqueira)
   

Olás...
Quando tua ausência se fizer sentida
E lembranças de nós dois,  quase esquecidas,
Desnuda estarei, como  nasci,
E em deserto me tornarei.
Quando tua falta se transformar em dor imensa,
Como areia do mar,
Que não se pode medir nem contar.
Farei uma aliança com os animais selvagens,
Com as aves do céu, e até mesmo com os peixes do mar,
Para que não desapareçam, como tu.
Mas, se ainda assim,  
Eu for definhando com a tua ausência,
Procurar-te-ei no cimo das montanhas,
Acima das colinas e debaixo dos carvalhos.
Tua vinda é certa como a da aurora,
Como o cair da chuva
De Primavera que irriga a terra.
E, enquanto tua  presença não se fizer sentida,
Vou me nutrindo da esperança de tua volta.
Mamãe Coruja

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Sou... Fragmentos.

Olás...

18º Fragmento

 
Voei nas páginas de um livro,
Durante dias seguidos,
Para assim te encontrar.
Fiz "Oferenda", pisei em folhas secas,
Levastes-me contigo a passear.
Andei sobre areia fina,
Moldando meus pés aos teus...
Em águas claras e mornas, 
Como de cavernas, submersas n´algum mar,
"Raio de Luz" te davam "Bom Dia!"
E eu... a sobrevoar.
Fui em tua direção,
Em caminhos improvisados.
Criei versos sem rimas, palavras incompletas.
Agora, "Diz-me: Onde estás?"
Vi que estavas entre multidões,
Feliz e sorridente,
Como bem se alinhava meu pensamento.
"Apenas Hoje" querias que fosses chuva
De poemas...
A  molhar toda a gente.
Continuarei a voar contigo.
"Apenas isso me chega!"


 19º Fragmento

E, se por acaso,
Algum dia não mais me quiseres,
Meu nome já não disseres...
Teus olhos já não me olharem,
Teus versos, diversos, calarem...
Tiveres levado  o som das letras,
Que soavam como notas divinais,
Quem levará minha tristeza embora?
Nesse dia,  que  não mais me quiseres,
Serei como pássaro sem canção.
Como pedra, inerte, sem reação.
A chorar, na flor da Vitória Régia.
Culpar a Lua pela recusa tua...
E pedir às estrelas...
Ao vento... e à chuva...
Que acalentem minh´alma nua.
Se, por acaso não mais me quiseres...
Diz-me: como poderei distinguir
O Céu azul...
Da dor?


Mamãe Coruja

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Respostas...em fragmentos.

Olás...
 
 
16º Fragmento

Resposta à "Oferenda"
 
Sou parte extirpada de ti,
Invólucro da minha pele.
A água que sacia tua sede,
É a mesma que em meus cabelos,
Como orvalho, adormeces.
És a plenitude oferecida a mim,
Como a noite enluarada,
Presenteada aos amantes.
Reivento—me para ti.
Desfaço—me. Sigo tua direção.
Exploro, do meu mais simples verso...
(Ou do que achares complexo)
O que quiseres, como oferenda.
Seja um beijo, ou comum afago,
Basta dizeres, em poemas silentes,
Que também me decifras.
E, no reflexo dos teus olhos,
Em cada parte do teu corpo,
Sou o perfume que sentes.


 
 
17º Fragmento 
 
 Momentos Diferentes
 
 Cá estou. Presença ausente.
Contudo, sente.
Na complexidade de O Processo,
 Kafka, ponto comum.
Pego-me contente, por nesse Livro te encontrar.
Ao contrário de ti, porém,
Confusões mil, não estava à beira mar.
À sombra daquele enredo,
Colhi impressões, estratégias e medo.
Eu estava entre quatro paredes.
Absorta. Divagando.
Ouvi teus passos chegando.
Ledo engano. Meras ilusões.
Eram pegadas de personagens
Do mesmo livro que tu lias.
Tu, como pássaro, livre.
Eu, refém,
De quem rouba coração.


 
 
 
Mamãe Coruja


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

14º e 15 º Fragmentos


14º Fragmento

Estou em todo espaço que pensares.
Envolta,  como envolvida a tua derme,
Ou em cada frase que disseres.
Estou exposta, como tua epiderme.
Diz-me tudo o que quiseres,
Tanto quanto desejares.
Sou o atalho para as tuas procuras.
Estou em ti e nas palavras
Que tanto extravasa ternura.
Prendo-te aos meus anseios.
Não! Não o deixarei cair.
Ponho-te quieto, por entre meus seios.
Estarei contigo, como outrora,
Hoje e amanhã, certamente.
A qualquer tempo que se fizer hora.
Estarás comigo, eternamente.
Estou aqui. Olhas-me sem receio.
Não vês como te afago?
Sinta todos os meus sentidos,
E jamais se veja abandonado.


                                                              15º Fragmento

Por entre rios de água doce,
Em cachoeiras esculpindo as grutas.
Riachos calmos e límpidos
E em selvas de tantas aventuras.

É por lá que ando,
Pisando em solo fecundo
À espera que te encontre.
Ainda que por um segundo.

Meus olhos enxergam o verde,
Ouço cantos, como o do sabiá,
Só ainda não te vejo.
E me pergunto “quando será”?

Talvez algum dia aconteça,
De um rio cortejar o mar.
Mas oceanos são distâncias,
Que não  vislumbro alcançar.

E destes sonhos me alimento.
São sonhos que sonha o poeta.
Vou vivendo em jardins férteis
Onde voam  borboletas.

É assim que descanso meus pés,
De dias, longo enfado.
Adormeço, cantando algum bolero.
Acordo,  penso em ti e canto um fado.


Mamãe Coruja
 

domingo, 11 de outubro de 2015

... Ao Livro "SOU TEU"...


13º Fragmento

Cega de Amor,
Não o vejo.
Desconheço a cor dos teus olhos,
Nem sei como é o teu olhar.
Que me importa, se minhas mãos te veem?
Que me importa, se com elas posso te desenhar.
Cada detalhe, sei-te de cor,
Tatuo em minhas mãos, 
Com suaves deslizes,
Nas asas da Quimera, quisera,
Ver com meus olhos as luzes,
As cores, que colorem tua íris.
Sim, senta cá. 
Dá-me tua mão mui preciosa,
Pois sois meu guia, minha via de mão dupla...
Dou-te todo o tempo que quiserdes,
Para conversares...
Sem sentirmos nenhuma culpa.
Deixa-me somente imaginar 
As matizes dos olhos teus...
Permita-me!
Olhá-la com teus olhos.
Diz-me tudo o que aconteceu.
Descreva, amiúde e sem pressa.
Só pare, só interrompa...
Quando sentires minhas mãos
Tocando os lábios teus.



Mamãe Coruja

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

...mais Fragmentos...



11 º Fragmento


Tu,
Com poemas,
Vens despertando emoções.
Em mil mulheres provocando reações.
Se são teus jeitos de dizer,
Ou,
Se o que não dizes
É que faz acontecer.
Respiras as mais ardentes paixões.
Mexes com a Alma,
Da mais remota à pequenina.
Provoca-nos a mais pura adrenalina.
Nem se precisa de muito esforço,
Tampouco competir.
Basta exercitar-se com teus versos...
E deixar o sonho fluir.



12º Fragmento


Meu amor por ti não morre,
Com esta tua ausência constante.
Eternas serão as lembranças,
Do quanto fomos amantes.
Teu Amor era a minha pele,
Que no frio nos aqueceu.
Não o tenho mais ao meu lado,
Só teu cheiro, em mim, permaneceu.
Volta!
Sempre que quiseres.
Abraça-me!
 Quanto puderes.
Essa ponte é apenas uma ilusão.
Meu amor, 
Sabes bem, que podes chegar...
Suavemente,
Como as notas de uma canção.



Mamãe Coruja