quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Ambiente de Trabalho X Ambiente Familiar



 Olás...

Este comentário nada tem de fundamento científico. É baseado  na técnica da observação, experiências pessoais e de terceiros, mas uma preocupação que somente depois de muitos anos nos leva a meditar: até onde vai a nossa exagerada preocupação pelo trabalho, em detrimento da família? Quando é necessário fazer um "stop" entre esses liames? Qual é o limite de cada um? Até onde devemos permitir que assuntos de trabalho interfiram no ambiente familiar, e vice-versa?
O ambiente de trabalho não é muito diferente do ambiente familiar, se  atentarmos para alguns detalhes. Porém, como veremos adiante, a família jamais deveria ser comparada a uma empresa.


Uma empresa geralmente funciona de acordo com o seu organograma, no qual está definido o grau de “poder/autoridade/liderança/gerência/supervisão/supervisionado/empregado” de cada indivíduo que compõe essa organização. Empresas têm  metas  definidas e geralmente as atribuições e  responsabilidades de cada indivíduo estão regradas em um estatuto e/ou plano de carreiras. Mas todos os indivíduos que as integram estão unidos (?) por um só objetivo: cumprir metas, alcançar resultados satisfatórios, lucros, enfim. 


A família também é constituída por pessoas, cada uma em sua “hierarquia”, unindo (?) pais, filhos e avós.  Portanto, podemos arriscar dizer que a hierarquia começa dentro da própria família, seguindo a ordem tradicional: filhos, pais, irmãos, avós, primos, tios, sobrinhos. Muito provavelmente, nessa hierarquia dos afetos, pela questão da maternidade, a figura da mãe poderá  se sobrepor a do pai. 


A “família” do ambiente de trabalho também acaba por criar laços afetivos, que vão se firmando até ao ponto do indivíduo levar para dentro do seu ambiente familiar o que ele passa a considerar, também, nos colegas de trabalho como “irmãos”, “pais”, “avós” ou “tios”.

Talvez seja a partir daí que as confusões comecem, ou seja, quando o indivíduo quer fazer do seu ambiente de trabalho a extensão de sua casa - ou, pelo menos, faz essa confusão sem muito "perceber" o que vai acontecendo ao longo do tempo. Age como se não devesse satisfações ao seu superior, ou deixando uma atividade para ser realizada depois (esse cenário geralmente é bem patente em empresas que não são do ramo privado, que não visam lucro).  Se, por acaso, antipatiza  alguém... já começa a criar problemas para não pertencer àquele mesmo grupo de trabalho, não sabendo separar essas diferenças. Geralmente, quer espaços exclusivos, como uma sala, toilette (dependendo do grau de hierarquia a exigência ainda é maior).


O inverso também ocorre: o indivíduo acaba por fazer de sua casa, do ambiente familiar, a extensão da vida profissional. O tempo que deveria dedicar à família acaba sendo ocupado por tarefas trazidas da empresa para serem concluídas em casa. A família (esposa, esposo, filhos) é “sacrificada” em prol de uma má administração do tempo, ou até mesmo pela exploração do indivíduo no ambiente de trabalho, sendo  sobrecarregado, e, para não dar a impressão de incompetente ou incapaz, estende a jornada de trabalho ao ambiente familiar.


Outro fator comprovando essa "confusão"  de ambientes- e tem sido mais comum do que se imagina - são as pessoas enfeitando o “seu”  ambiente de trabalho com vasos, flores (artificiais ou não), fotos diversas da família e de amigos, bibelôs, livros, mobiliário caseiro. Um verdadeiro artefato ocupando espaços desnecessários, além de deixar uma impressão de “casa”, e não de empresa. Uma imagem em nada agradável aos clientes externos! Mas sou adepta de qualquer ação que transforme o ambiente de trabalho em um espaço aconchegante (em nada comparado a um quarto, sala ou cozinha do ambiente familiar, isso não!).


Outro fator em constante confusão entre ambiente familiar e ambiente de trabalho são as liberdades exageradas. Geralmente,  acabam comprometendo essa linha tênue que existe entre LIBERDADE x DIREITO. Por se acharem membros da mesma “família” (quando deveria ser ambiente de trabalho), vão atropelando algumas regras básicas da boa convivência, como: manter o respeito,  ser ético... e, acima de tudo, controlar a emoção.


Nos tribunais é crescente o número de ações por danos morais envolvendo o que seria uma “brincadeirinha” entre amigos, ocorrida no ambiente de trabalho. 


Na família, por outro lado, nem sempre o laço afetivo fala mais alto. Nem preciso enumerar as várias ações entre membros da mesma família litigando por uma posse de um imóvel, herança, e tantos outros exemplos. 


O que pretendo demonstrar, com este texto, é que um segmento é diferente do outro. Empresa e Família são instituições diferentes, embora consigamos visualizar as semelhanças entre ambas: uma hierarquia necessária, alguém assumindo a condição de “líder”, outros sendo submissos às “ordens”, “regras”  ou até mesmo "acordos". Mas, talvez, as semelhanças parem por aí (ou pelo menos deveriam parar por aí).


As diferenças são bem mais evidentes: em muitas famílias não há divisão de tarefas, o que leva sempre alguém a ficar sobrecarregado. Quando a família tem um alto padrão financeiro essa(s) tarefa(s) é(são) atribuída(s) a terceiros (doméstica, jardineiro, motorista, babá etc). Na família, em determinado estágio, não só os pais, mas também os filhos,  começam a arcar com o  sustento da casa, ou apenas com o seu próprio sustento, o que de certa forma desafoga essa responsabilidade dos pais.


Os  dois ambientes – do trabalho e familiar – jamais deveriam se confundir, especialmente nas suas jornadas de trabalho. Em ambos, é primordial que saibamos administrar bem o tempo, de modo que todas as tarefas do dia sejam concluídas no horário determinado para o expediente, se numa empresa. E que o lar não seja transformado na extensão da empresa (geralmente o indivíduo se isola do grupo familiar, para poder concluir “em paz” a tarefa que não deu tempo para ser concluída na jornada normal de trabalho), passando os finais de semana também envolvido em assuntos externos à família.


É certo, também, que outros fatores influenciam o comportamento do indivíduo em ambos os ambientes. Vão além do ambiente corporativo, como também vão além do ambiente familiar. Normal. Até porque, di per si, o ser humano é visto como influenciador e influenciado pelos meios aos quais está inserido.


Empresas entram em falência. Famílias também se desestruturam. Por que será?

Um patrão não pode ser tão condescendente com o empregado a ponto de tolerar até as suas faltas mais graves, assim como pais não deveriam atender a todos os "desejos" materiais que estes lhes “exigem”, sem impor limites. As consequências pela falta de liderança, pelo mau exemplo, em qualquer desses dois segmentos, acaba por disseminar a falta de respeito, o descrédito, a desordem e  falência de ambas instituições, porque o mau exemplo de poucos acaba por contaminar muitos.


Qual é o motivo, afinal, da interrogação utilizada no texto, logo após “unidos” e “unindo”? Propositalmente, para gerar uma discussão a respeito de união. Diariamente, a mídia tem mostrado que o ambiente familiar tem sido invadido por  muitos males (vícios, ganância, violência, p.ex). Em muitos casos – infelizmente já não tão raros -, a estrutura é abalada e essa união fatalmente se quebra, de uma maneira ou de outra, porque era vulnerável.


No ambiente de trabalho, a desunião entre indivíduos é de todo nível e padrão social. Embora todos estejam “obrigados”, contratualmente, a alcançarem objetivos comuns, os conflitos de papéis acabam por separar a organização em muitos outros grupos, distintos daqueles do organograma. O sentido de equipe,  de cooperação e  de dinamismo acaba se corroendo, enfraquecendo. O espírito do "vestir a camisa"  arrefece gradativamente. Uma grande parte também se acha vulnerável.

Se no ambiente de trabalho não existirem líderes,  não irão perceber essas "doenças"  em tempo, e em pouco tempo um grande número estará contaminado pela apatia e pelo desestímulo. Se somente existirem gerentes despreparados, todos que compõem a organização fatalmente desacreditarão em qualquer tentativa de "remendo".


Da mesma forma, se no ambiente familiar não existir um "olhar" no entorno- não confundir com vigilância autoritária - , se não existir um tempo para se dedicarem aos filhos, à esposa, ao marido, à mãe, ao pai....cada um viverá aquilo que lhe for mais conveniente, até mesmo poderá absorver as lições  dos caminhos errados que sabemos existirem na vasta  trilha da Vida. 

Trabalho e Família  podem andar equilibrados,  sempre. Faça sua parte ser digna nesses segmentos,  tão  importantes para a sobrevivência do Homem.

Mamãe Coruja




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